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Relação entre os seres humanos e as trutas

As atividades piscatórias são as principais ações que mantêm uma relação estreita entre a fauna piscícola e o Homem. No caso da truta, a pesca comercial a ela dirigida é sobretudo uma pesca acessória, na medida em que os exemplares capturados são ocasionais e, através da utilização de artes de pesca dirigidas a outras espécies economicamente mais rentáveis, como o sável.

No entanto, para a pesca recreativa, tendo em conta as suas componentes lúdica e desportiva, a truta é uma espécie muito apreciada, sobretudo numa perspetiva de pesca sem morte. Esta modalidade constitui uma vertente importante para a gestão e conservação dos recursos aquáticos.

Uma das modalidades mais conhecidas nesta área é a pesca à pluma (ou fly-fishing), que desde os anos 90 tem vindo a ser praticada com maior regularidade em Portugal e tem como principal objetivo a captura de salmonídeos e posterior devolução ao rio, utilizando imitações do seu alimento natural (e. g., invertebrados aquáticos, como os tricópteros, efemerópteros e plecópteros) como isco. As ninfas estão associadas à primeira fase de desenvolvimento do inseto aquático. 

Para além da pesca à pluma, o spinning apresenta-se como outra das modalidades de pesca sem morte mais praticadas em Portugal. As principais diferenças entre ambas, consiste no objetivo da própria pesca: na pesca à pluma é necessário desenhar uma estratégia mais específica para capturar o peixe, proporcionando um maior desafio a quem a pratica. Por outro lado, o spinning é uma modalidade que se pratica quando o principal objetivo é capturar um maior número de espécimes piscícolas, sendo também direcionado para outras espécies para além da truta.

Fonte: Jack Murrey, Unsplash

Para além da pesca, a truta é uma espécie piscícola que está maioritariamente associada a habitats de elevada qualidade ambiental e, por conseguinte, locais ribeirinhos de acentuada beleza natural. Nestas circunstâncias, verifica-se uma maior atração de pessoas a visitar estes locais e a usufruírem destes espaços para lazer, promovendo assim o turismo rural sustentável, como uma atividade económica local importante para garantir os interesses do Homem, ao mesmo tempo que salvaguarda a natural vitalidade e funcionamento dos ecossistemas fluviais.

A truta é um peixe de rio muito apreciado em termos gastronómicos, sendo presença assídua na gastronomia portuguesa. A valorização deste produto endógeno enriquece a gastronomia local, estando disponível na ementa de vários restaurantes das regiões do Centro e Norte de Portugal Continental, onde esta espécie ocorre. Municípios como Manteigas e Góis, por exemplo, possuem conhecidos viveiros de truta-de-rio. Alguns possuem espaços expositivos e interpretativos, que para além da componente de produção aquícola, permitem dar a conhecer a biologia da espécie.